Category: Tv e mÃdia
Currais do Sertão, eleitorais ou não.
Este documentário faz refletir sobre o Brasil contemporâneo e sua triste história de negligência da miséria. O passado condena ainda o presente.
This is not a Love Song – Mark Leckey ¨Fiorucci¨
Está em cartaz no Centro La Virreina em Barcelona, a exposição ¨This is not a Love Song¨, com curadoria de F. Javier Panera, cujo objetivo é traçar um paralelo entre a produção de video arte e a música Pop, desde os anos 1960 até hoje. A mostra oferece um caminho que começa com uma instalação de Andy Warhol com imagens de Velvet Underground, passando por obras seminais de video arte de Nam June Paik, Yayoi Kusama e Vito Acconci, entre outros, até chegar a artistas como AVAF, Mark Leckey e Cristian Marclay. O gran finale, no entanto, se dá com uma sala cheia de monitores exibindo videoclipes de artistas tão pop como Rihanna. O trajeto é muito rico, com poucos trabalhos que não sejam de fato interessantes, sejam como proposta estética ou registro histórico.
Um dos trabalhos que chama a atenção por ser ao mesmo tempo registro de época e experimentação de linguagem visual, é o video ¨Fiorucci Made me Hardcore¨ (1999), do inglês Mark Leckey. A obra faz uma referência clara à narrativa construÃda por Dan Graham em ¨Rock My Religion¨. Porém, enquanto este tenta contar uma espécie de história social do Rock and Roll em 50 minutos, o filme de Leckey tem apenas 14 minutos e narra de modo particular o desenrolar da cena underground de clubes em Londres, entre os anos 1970 e 90, cujo ápice foram as raves. O vÃdeo impulsionou a trajetória de Leckey até levá-lo ao Turner Prize, alguns anos depois, e aqui segue o link:
¨A Revoluçao não Será Televisionada¨ 10 anos
Em 2013 comemoramos 1 década da série de anti-programas de TV, ¨A Revoluçao não Será Televisionada¨, realizada com direção geral de Daniel Lima, junto com equipe formada por Fernando Coster (edição), André Montenegro (edição e produção) e Daniela Labra (pesquisa e redação). Aqui segue uma edição de 13 minutos do primeiro programa, que durava 26 minutos e foi transmitido pela UTV, em São Paulo. O tÃtulo da série é uma referência ao poema homônimo de Gil Scott Heron, poeta, compositor e intérprete ativista negro norte-americano, atuante nos anos 1960-70.
Poetics & Politics, Screening @ LOOP Barcelona
O Festival de vÃdeo arte LOOP, tem edição em maio este ano, em Barcelona. Abaixo, uma das mostras dentro do evento, cujo tema são vÃdeos de teor ativista ou de discussão crÃtica do momento atual. Segue uma mostra do texto curatorial e o link para o festival:
Ante nuestros ojos – Poetics & Politics, Screening @ LOOP Barcelona
Artistas: Marco Godoy, Pelayo Varela, Teresa Margolles, Eugenio Merino, Núria Güell, Gina Arizpe, Daniel G. Andújar, Antoni Muntadas, Rogelio López Cuenca, Santiago Morilla, Santiago Cirugeda, Fernando Sánchez Castillo, PSJM, Jorge GarcÃa, Rubén Verdú, Carlos Garaicoa, Rafa Burillo, Tomás Ochoa, Patricio Palomeque, Rosa Jijón, MarÃa José Argenzio, EstefanÃa Peñafiel Loaiza y Avelino Sala
El espectro de representación polÃtica se agota. La creación de sujetos verdaderamente libres, de izquierda a derecha , es una quimera olvidada y consumida. El exceso de información y de servicios de comunicación ahonda la separación entre realidad y simulacro instaurando la sensación de una cacofonia existencial asfixiante. Nada de lo que se presenta está , ni de lejos , a la altura de la situación. Incluso en su silencio (por exceso de ruidos) la propia población parece infinitamente más adulta que todos los tÃteres que se pelean por gobernarla. La crisis de representatividad y la distancia entre la ciudadanÃa y el estado deja al descubierto la imposición de un modelo social represivo y muestra las verdaderas estructuras de un poder que se ejerce desde una verticalidad faraónica.
NAM JUNE PAIK ZEN FOR FILM, 1962
Um pouco de silêncio já pedia Paik em 1962…
Nan Goldin tem projeto adiado e remanejado no Rio de Janeiro
* Final feliz mas nem por isso isenta-se de reflexão o ocorrido: a exposição de Nan Goldin vai acontecer no mam-rj, com abertura em 13/02/2012 e patrocÃnio do Oi Futuro – porém ainda assim mantemos o texto abaixo pois o momento da cultura no Brasil merece ser discutido.
No Brasil da tecnocracia DÃlmica, cada vez mais observamos projetos de arte patrocinados por grandes corporações, que por meio de descontos fiscais de leis de incentivo à cultura realizam exposições em nome da arte e de seu marketing. Isso poderia não ser de todo um problema não fosse o fato de que o investimento em artes tem sido mais e mais instrumentalizado e direcionado a projetos espetaculosos e acrÃticos, que evitem manchar o nome da instituição e também não venham a ferir o público. E o que seria exatamente este “ferir”?
Observamos que o espectador consumidor de produtos culturais vem sendo tratado de modo infantilizado, submetido a regras padronizantes que simplesmente esterilizam de ante-mão o que a arte tem como maior potência: a possibilidade de gerar reflexão crÃtica e discursos sobre o mundo controverso que habitamos.
Dentro dessa perspectiva esterilizante, o Oi Futuro, no Rio de Janeiro, instituição dedicada a projetos educativos e sem fins lucrativos (também pudera, a empresa mantenedora lucra com telefonia e tem isenção fiscal quando investe em cultura), acaba de vetar uma exposição de uma das artistas mais interessantes do final do Século XX, que é a fotógrafa Nan Goldin. A mostra iria acontecer em Janeiro de 2012, e sua supensão deveu-se ao temor de que a artista expusesse fotos de crianças junto a imagens de adultos em situações-limite.
Um jornalista me contou que a instituição havia vetado imagens de crianças nuas em princÃpio, e que a artista acatou. Porém, a censura se fez quando foi exigido que fotos de crianças vestidas também não integrassem a mostra. Diante disso, a perspicaz Nan Goldin sugeriu então colocar tarjas pretas sobre todas as fotos expostas, explicitando assim a ação censora institucional. Esta sugestão desagradou ao Oi Futuro que suspendeu a exposição.
A curadora independente e responsável pelo projeto, Ligia Canongia, afirmou em carta aberta que os curadores da instituição desconheciam o trabalho de Nan Goldin e que, ao verem as imagens duras – e humanas – da fotógrafa retiraram o projeto da agenda. Não ficou claro, no entanto, se o patrocÃnio também seria suspenso.
De certo, não conferi pessoalmente os fatos com o centro cultural, mas os jornais divulgaram tal versão hoje. De qualquer modo, houve um adiamento da exposição de Nan, aparentemente em nome de uma moral e de bons constumes que estão prá lá de abalados e caducos na contemporaneidade, o que só nos faz rir e lamentar este papelão.
O ocorrido nos leva a pensar realmente sobre a idiotização do público, a quem lhe é negado o direito de opinar e discutir algo que pode ser ou não polêmico. Em nome dessa certa ética e moral em franca crise, o indivÃduo não tem mais livre arbÃtrio para decidir o que deseja apreciar ou não. Os poderes do capital e do Estado normatizam a vida privada e a saÃda parece ser mesmo afiliar-se a uma Igreja pentecostal e esperar a salvação do Messias com seu saco de presentes, pois pensar criticamente não é mais possÃvel.
Na cidade que sofre uma reforma brutal para receber espetáculos desportistas em breve, e onde o custo de vida tornou-se estratosférico, notamos que a alienação é a melhor parte do jogo para os investidores. A maquiagem carioca não consegue lidar com os conflitos e crises da contemporaneidade, preferindo primeiro fazer calar.
Nan Goldin, que já expôs nas mais importantes instituições e mostras do mundo, não tem espaço nesta cidade onde o caos e a arbitrariedade imperam, posto que suas imagens são “chocantes”. Pois eu prefiro o choque da arte ao choque imposto pela ignorânica e a hipocrisia.
Viva Nan Goldin! Viva a humanidade de seus retratos dos excomungados pela “sociedade de bem” que se nega a ver beleza onde em princÃpio so há feiúra e decadência.
O ser humano é lindo mesmo em sua solidão e desespero. Essa é a mensagem de Nan.
CuratingYoutube.net
Projeto de curadoria online criado em 1997, que explora o fenômeno da Web 2.0 no formato do portal de compartilhamento YouTube. Abordando esse fenômeno desde diferentes ângulos e pontos de vista, CuratingYoutube.net reúne uma variedade de projetos curatoriais.
A mais nova curadoria é uma seleção de vÃdeos e registros do coletivo (ou onda coletiva?) internacional Anonymous, que realiza ações polÃticas apoiadas em recursos poéticos (ou ações poéticas ancoradas em motivos polÃticos).
Veja o link dos vÃdeos recém produzidos nas manifestações de Wall Street, em Nova Iorque, sob o tag de anonymous e depois passe para conhecer o projeto de CuratingYouTube.net
OlimpÃadas prá quem?
Em meio à bolha de espetáculos e maquiagem da cidade do Rio de Janeiro, uma iniciativa se coloca como possibilidade de discutir o lado de fora do show.
No periodo de 11 a 18/09 foi realizado o encontro Cartografias Insurgentes, no Morro da Conceição – zona residencial tradicional da região do porto, que vê se aproximar o impacto dos projetos de remodelação na vida dos moradores.
Para conhecer a proposta e ver uma séire de materiais produzidos pelos que participaram, visite
PolÃtica Cultural e Eleições
Do site Cultura e Mercado, de Leonardo Brant, recebi uns apontamentos que julgo importantes para estimular o debate e o pensamento acerca do futuro das polÃticas culturais no Brasil.
Porém, aproveito para lançar a provocação: Se em escala federal as polÃticas culturais se desenvolveram bem nos últimos anos, graças a ministros que pertenceram ao PV, no nÃvel municipal o setor ainda não é levado à sério. Na cidade do Rio de Janeiro, por exemplo, grande capital e vitrine turÃstica deste paÃs, os centros de arte administrados pela Prefeitura tem um orçamento hilário de tão parco.
Na era em que a cultura é entendida como investimento, oportunidade de negócio e geração de renda, a classe artÃstica desta e de muitas outras cidades brasileiras ficam mortificadas com a atenção dada aos viradões espetaculares e comÃcios culturais, enquanto que os equipamentos culturais já existentes só recebem esmolas. Não faz sentido.
Mas vamos ao debate sobre as plataformas de governo, no Cultura e Mercado:
Dilema do descaso: os candidatos não têm propostas para a cultura por que as pesquisas não apontam cultura como prioridade? Ou as pesquisas não revelam cultura como prioridade por que a mÃdia não cobre o assunto? Começou a corrida eleitoral e, para variar, a polÃtica cultural continua em segundo plano.