SESC Sorocaba, São Paulo, Brasil. De 12.8 – 3.12.2017
Curadoria geral – Daniela Labra
Curador assistente – Yudi Rafael
Curadoria educativa – Fabio Tremonte
Curadoria editorial – Ana Maria Maia e Julia Ayerbe
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Frestas Trienal 2017: Entre pós-verdades e acontecimentos
A arte fura.
Esta edição de Frestas associa o nome do evento à noção de interstÃcio: um espaço-entre cheio de sensibilidade e potência criativa transformadora, onde a ambiguidade e a indefinição de conceitos, formas e modelos é explorada de modo poético e crÃtico. Enquanto o existir nas cidades parece se reduzir a dÃgitos numéricos em cenários homogêneos de shoppings, conglomerados e condomÃnios, apostamos aqui na máxima “criar é resistir”, compreendendo a prática da arte e sua fruição como singulares vias propositivas libertadoras do contexto de exaltação da produtividade, competitividade, vigilância e espetacularização da vida.
Considerando que a natureza regrada e acadêmica da arte ruiu há tempos, refletimos sobre a impossibilidade de definir Verdade na obra contemporânea, e também discutimos as narrativas polÃticas sustentadas por memes e populismos midiáticos amparados em discursos morais e dogmáticos, que ganham força e constituem parte do contexto que a própria arte espelha e reage.
O tÃtulo da mostra veio antes do termo pós-verdade ser indicado como o mais comentado na internet em 2016. O termo não é novo e seu germe já aparece em Verdade e PolÃtica (1967), de Hannah Arendt. Recentemente, ele se tornou protagonista no comentário polÃtico internacional, impulsionado pelo afã, de grandes publicações jornalÃsticas em disseminar, pela rede, opiniões como fatos consistentes que rapidamente ganham status de verdades.
Já a ideia de Acontecimento refere-se à natureza de uma Trienal, e a sua definição na antropologia e filosofia: Acontecimentos, sempre temidos e esperados, como um evento climático, militar ou polÃtico, que trazem o risco de um corte irreversÃvel com o passado, marcando transformações profundas no curso histórico e social de comunidades.
Participam da mostra artistas de diferentes nacionalidades, gerações e linguagens, cujas obras trazem questões como ambiguidades formais; transdisciplinaridade; temporalidade; performatividade; gênero e sexualidade; crÃtica social e artisticidade. Mais da metade dos projetos são comissionados e inéditos, e ocuparão o edifÃcio da Unidade além de vias públicas, outras instituições, lojas e ruÃnas históricas, criando circuitos de experiências estéticas instigantes entre o SESC e a cidade.
Daniela Labra
Todas as fotos| all pictures: Matheus José Maria