Arte da Censura

Carlos Garaicoa.  Carta a los Censores, 2003

Lo Que Oculta la Censura – por Lucas Ospina

El arte que más atención recibe por estos días es el de la censura, tal vez esto se deba a que se trata de obras de creación colectiva: un artista hace una cosa, alguien la censura, el artista protesta, la prensa da forma y la audiencia reacciona.

El censurado hace bulla, como la hizo hace poco Carlos Uribe cuando un mural suyo, alegórico al criminal Pablo Escobar, fue puesto sobre la fachada del Centro Colombo Americano de Medellín y a los tres días fue borrado por la institución: “He sentido violados mis derechos a la libre expresión y más aún, a mi condición reflexiva y libre como artista visual de expresar, señalar y opinar sobre lo que se antoje.”

Vino la prensa y la obra revivió, amplió su nuevo horizonte al mundillo nacional: el artista y el curador institucional se rapaban la razón, uno le daba curso a su letanía, el otro se metía en un berenjenal ético, decía que el mural fue borrado porque podía “herir sensibilidades”; no especificó si se refería a la sensibilidad propia —ser despedido— o a sensibilidades extremas que podían ejercitar su “condición reflexiva” a punta de petardos sobre la fachada del ente binacional (hay que ver si el antojo temerario del artista lo lleva a poner su mural sobre la fachada de su residencia).

Aun así, ambos antagonistas se pusieron de acuerdo para completar esta obra de género censura: el censurado la dibujó, el censurador la coloreó y la prensa la enmarcó. Algunos artistas se victimizan tanto que revelan algo más: el deseo de ser censurados, la atracción y necesidad por una fuerza externa y opresiva que los viole. El censor deja de ser bruto y su acto arbitrario pasa a formar parte de la obra: completa, hace y logra —gracias a la caja de resonancia publicitaria— lo que la inane política del arte no alcanza en lo social.

El sol alicaído de la cultura hace que cualquier polémica alrededor de una obra enana y normal proyecte una sombra inmensa y única que termina por ocultar el fulgor de otros tesoros: en la misma ciudad, por ejemplo, se expone la obra de una artista que comenzó como una señora que hacía cuadros, como tantas, y luego se convirtió en toda una señora pintora. En una de las salas del nuevo Museo de Arte Moderno se exhibe La cama con cosas, un óleo sobre lienzo de 1.90 por 1.40 metros hecho en 1983 por Ethel Gilmour. El ángulo de visión abisma al espectador a ser un diosito fisgón que espía a una pareja dormida o que ve televisión; ellos, maduros, encamados, desnudos pero cobijados, están mediados por una virgen; sobre el lecho hay —muy bien pintados— un control remoto, tres mascotas, dos libros de arte, una merienda, un sombrero florido, un kit de fumador y la prensa dominguera que muestra en portada a un bandolero armado: un insurgente, un terrorista. Si se trata de censurar retratos de criminales aquí hay algo que sí vale la pena para el juego de ocultar, se trata de una composición extraña y sutil, ambiciosa y sencilla que de ser prohibida daría morbo conocer. Pido encarecidamente a las directivas del museo que hagan lo propio: ¡censúrenla!

extraído de: http://salonkritik.net/10-11/2010/10/lo_que_oculta_la_censura_lucas.php#more

29a. Bienal de São Paulo – Comunicado

Recebido por e-mail em 13/10/2010:

Em resposta ao texto São Paulo Arde: o espectro da polítca na Bienal, divulgado pelo artista Roberto Jacoby em seguida à solicitação de retirada ou encobrimento de parte da obra El alma nunca piensa sin imagen, exibida na 29ª Bienal de São Paulo, os curadores-chefes da exposição vêm a público declarar o seguinte:

1. Ao contrário do que o texto afirma, em momento algum o projeto apresentado à curadoria da 29ª Bienal de São Paulo pelo Sr. Roberto Jacoby fazia referência direta à campanha presidencial no Brasil. Em todas as inúmeras comunicações feitas (por email, skype e telefone), o artista afirmou querer refletir sobre processos eleitorais a partir de uma campanha fictícia e hipotética. O conteúdo das informações fornecidas pelo artista está expresso no texto que apresenta sua obra, publicado no catálogo e no site da exposição.

2. O fato de as imagens dos candidatos Dilma Roussef (PT) e José Serra (PSDB) estarem publicadas no catálogo e no site da 29ª Bienal de São Paulo não atesta, em absoluto, o conhecimento prévio da curadoria sobreo conteúdo do trabalho tal como apresentado no espaço expositivo. As imagens foram entregues pelo artista apenas ao final do prazo de fechamento da edição do catálogo (…)

SEGUE

Os Inimigos de Gil Vicente na Bienal de SP

O artista pernambucano Gil Vicente estará expondo duas séries de desenhos na próxima Bienal de Artes de São Paulo, que inaugura no dia 21/09. Uma das séries, chamada Inimigos, consiste em desenhos em grande escala, onde o artista se retrata prestes a cometer um atentado à integridade física de personalidades influentes da política mundial e do Brasil. Obviamente polêmicos, a obra é um grito contra a apatia e o conformismo com os quais assistimos as incongruências dos líderes junto ao povo que os elegeu e confiou.

Acusado de apologia ao crime, o artista e sua obra correm o risco de serem censurados pela Ordem dos Advogados do Brasil e retirados da exposição.

Uma lástima, pois tal decisão é obtusa além de hipócrita. Perde-se neste debate moralista a oportunidade de se refletir sobre a arte e toda a sua potência transformadora. Desse modo, os desenhos do artista são tratados como meras fotografias sensacionalistas de jornais populares – lidos por milhares diariamente – e que de fato falam de violência sem conteúdo crítico, apenas para fins comerciais, o que deveria ser considerado chocante mas não é mais.

Abaixo, o texto crítico de minha autoria sobre a série Inimigos, escrito para o catálogo do artista que será lançado na Bienal de São Paulo em breve.  A obra é bela e merece ser respeitada!

:::::::::::::::::::::::

Arte Fora da Ordem

“Por onde andam os subversivos?” Ao lançar esta questão na rede social onde possuo 570 amigos que mal conheço, a primeira resposta veio em seguida: – No poder. Flanando na internet, se lê que a política e o entretenimento nunca estiveram tão juntos como atualmente e que dificilmente irão se separar. “Independente da causa em questão, grande parte da comunicação política contemporânea segue a linguagem do espetáculo, como forma de guerrilha. A fórmula serve e é aplicada tanto para fins sociais relevantes como para qualquer outra coisa sem cabimento, por movimentos diversos e até por instituições como os partidos”.[1] Enquanto a tática de guerrilha vira instrumento de marketing, no Brasil indignar-se com a situação política e social está em desuso.

Indignado, porém, Gil Vicente decide ir na contramão desse padrão e repudia a linguagem do espetáculo para posicionar-se, subversivamente em forma e conteúdo, contra as estruturas da política e da cultura de massa, interligadas na contemporaneidade. Em sua ira e desilusão com o modo operacional de um sistema que considera maldito por que, como crê, apenas alimenta desigualdades e injustiças, o artista resolveu, em 2005, inventar uma persona terrorista para alvejar, com una arma gráfica, líderes arquetípicos de uma ordem mundial em crise aguda.

Ao contrário do que a primeira leitura das obras sugere, Gil se coloca, de fato, num “estado de vítima”[2] para acertar as contas com as hipocrisias, mentiras e manipulações de estadistas e representantes do Povo. No jogo que mistura realidade e ficção, o artista-vítima não panfleta ideologia partidária, nem faz julgamento moral ou religioso de qualquer ordem. Na concepção niilista de quem viu a utopia de ações movidas pelo discurso da esquerda marxista Pós-2ª Guerra, dar lugar à atual fome de destruição movida a fé, petrodólares e narcoeuros, Gil Vicente, poeta e cidadão, sugere a implosão sumária do establishment e da sua ética em situação de irrecuperável ruína.

Por sua vez, no plano da visualidade estética também pode-se creditar a Inimigos um papel de inssurgente. Seus desenhos transgridem tanto a etiqueta do politicamente correto, quanto as tendências de mercado que privilegiam ora o conforto de discursos minimalistas acríticos, ora a literalidade fácil de obras que repaginam ad nauseum o Pop  e outros estilos, modernos ou pós.

Estes desenhos, no entanto, possuem o traço e a narrativa de impacto dos quadrinhos policiais transmitindo, em cada um deles, a tensão contida na cena imediatamente anterior ao grande desfecho da estória. Porém, por serem diretos e literais, por que narrativos, a sofisticação de Gil Vicente se mostra justamente na dispensa do uso de metáforas, ainda que utilize amplamente o recurso da representação.

O grande paradoxo desta série porém, está no fato de que, ao levar tais desenhos a público, o artista exerce todo o Poder que o status quo lhe confere. Gil Vicente aproveita-se da posição privilegiada de profissional inserido num circuito intelectual respeitável, para trocar o estado de Vítima na ficção do desenho por um estado de Representante social na vida real. Sem desfaçatez e atento, ele se utiliza abertamente do sistema – também político – da instituição de arte, para fazer sua obra circular semi protegida de possíveis censuras e ataques das esferas poderosas.

Longe de culpas, Gil Vicente é um ateu em busca da fé na consciência política transformadora, hoje apaziguada pela midiatização da cultura e pulverizada em centenas de coletividades ativistas as quais, pela pluralidade de motivações e modos de atuação, nem sempre conseguem tecer uma alternativa efetiva contra o sistema de poder, cada vez mais controlador e onipresente.

Em Inimigos, o artista dá um tiro de advertência para o alto, como um guerrilheiro que se move na possibilidade de fazer terrorismo sem sangue, através da imagem e da poesia. Representando-se na execução de um ato limite, ele urra contra Estados ignóbeis e acorda para a luta os jovens e adultos anestesiados pelo consumismo e pelo prazer imediato. Assim, os desenhos de Gil Vicente advertem que a arma mais subversiva existente, mesmo com todos os sustos e espetáculos, consumos e tecnologias, é a capacidade de reflexão e de gerar sonhos. E que diante do menor risco dessa capacidade ser tolhida deve-se pressionar, sem hesitar, o botão  Indignar-se.

Daniela Labra


[1] FRANZ, Tiago. In: http://perspectivapolitica.com.br/tag/ativismo-politico/ acessado em 15/07/2010

[2] FARIAS, Walquíria. “O Energúmeno”. Texto de catálogo. 2005

Programa de Residência LABMIS

O Programa de Residência LABMIS tem por objetivo as ações de fomento aos processos artísticos voltados às linguagens contemporâneas que vêm sendo desenvolvidas de forma plena em várias instituições internacionais.

Hoje elas constituem uma tendência salutar que pode fazer frente às possíveis distorções que a cultura sofre no mundo globalizado. A duração do programa de residência é de três meses.

As inscrições para a nova edição do projeto serão recebidas no MIS entre 01 de setembro a 24 de outubro de 2010. O edital e a ficha de inscrição estão disponíveis para download no site:

http://www.mis-sp.org.br/labmis/selecaoeeditais

Arte enferma

Deu na Folha de São Paulo em 15/06/2010:

Dupla de alemães interna artistas, galeristas, curadores e críticos em clínica de reabilitação em Berlim

SILAS MARTÍ
DE SÃO PAULO

Arte tem cheiro de cocaína. Num mundo de festas encharcadas de champanhe, da velocidade do mercado que acompanha a voracidade do vício, dois alemães decidiram levar artistas, curadores, críticos e galeristas para a clínica de reabilitação.
Benjamin Blanke e Claudia Kapp, também artistas, fizeram dos colegas cobaias para entender o papel das drogas nas artes visuais.
Em vez de mostrar suas obras, pediram ao KW, centro de arte contemporânea em Berlim, que bancasse a desintoxicação de personalidades do meio artístico numa clínica de reabilitação perto da capital alemã.
No meio de uma floresta, o sanatório Havelhoehe recebe até 291 pacientes, tem duas alas de desintoxicação e usa pintura, escultura e também ginástica nos tratamentos.
São adeptos da chamada medicina holística, ou antroposófica, que tenta dar atenção equivalente a aspectos físicos e mentais do paciente.
Internos do projeto, que passaram cerca de dez dias na clínica, foram convocados por e-mail. O convite tinha só uma imagem, a de uma porta fechada, usada pelos artistas para divulgar o projeto.
“Uma pessoa já disse que era uma reflexão sobre estética”, resume Claudia Kapp à Folha. “Não diria que é uma performance, mas um trabalho mais conceitual, de estética relacional iconoclasta.”
Jargões à parte, a realidade dos mais de 200 inscritos no projeto passou longe dessas dimensões filosóficas.
“Desde que cheguei, me dão doses de um pó branco três vezes ao dia para reduzir a ansiedade”, escreveu um crítico de arte internado na clínica. “É como cocaína ao contrário, precisaria cheirar toneladas para sentir qualquer sensação de alívio.”
Mais do que alívio, uma pausa. Na visão dos artistas, as drogas nesse meio não têm mais a ver com ampliar horizontes da percepção, como os anos 60 e 70 popularizaram o uso do LSD e afins.
“É menos hedonista”, diz Kapp. “Está mais ligado à competição: aumentar, melhorar, acelerar a produção.”
Tanto que, além dos artistas que se inscreveram, maior alvo do programa, críticos e galeristas insones com preços nas alturas e a rotina pesada dos vernissages correram para a clínica.

VÍCIOS REAIS
“Alguns deles não eram viciados em nada”, conta Kapp. “Queriam só se desintoxicar do mundo da arte.”
Esses que buscavam uma limpeza ideológica ficaram fora da clínica, onde médicos de verdade, além de psicanalistas e psiquiatras, trataram seus vícios reais.
“À noite, uma toalha encharcada de chá medicinal é aplicada contra meu fígado para absorver as toxinas”, escreveu um crítico alcoólatra internado na clínica.
Ele adianta o relato descrevendo as esculturas de argila que fez para passar o tempo. Enquanto seus dotes artísticos permitiram fazer só umas vasilhas, uma colega esculpiu até um busto de Hitler.
“Conhecemos artistas, amigos pessoais, que estão sofrendo muito com isso”, conta Kapp. “É horrível.”
Ela vê nesse ponto uma relação cada vez mais estreita entre arte e o mundo das celebridades, “estrelas do rock conhecidas pelos excessos”.
Muitos dos inscritos na reabilitação, aliás, achavam que teriam seus trabalhos expostos em Berlim como contrapartida ao tratamento.
“Achavam que ficariam famosos, mas o projeto é anônimo”, diz Kapp. “Tudo tem cada vez menos a ver com arte, há um grande vazio.”

Residência para artistas performáticos no Watermill Center (EUA)

About The Watermill Center

Watermill is a laboratory for performance founded by Robert Wilson as a unique environment for young and emerging artists from around the world to explore new ideas. Watermill draws inspiration from all the arts and cultures as well as from social, human, and natural sciences.

Watermill is a global community of artists. Living and working together among the extensive collection of art and artifacts lies at the heart of the Watermill experience.

Watermill is a haven for the next generation of artist, supporting their work among a network of international institutions and venues that embrace new interdisciplinary approaches.

+ info

http://watermillcenter.org/programs/residencies/guidelines

Conversas Radiofônicas: links de interesses artísticos

Um desdobrar de conversas sobre arte atual, administradas como uma engrenagem autogerida, difundidas pela Rádio Kaxinawá e pelo Radioforum.

Aqui os arquivos das conversas radiofônicas 01 & 02:

http://www.radioforum.zt2.net/

Aqui os links & as referências comentadas durante e ao redor da conversa radiofônica 02:

O Projeto Moitará Grupo Um e grupo Opavivará

http://moitara.wordpress.com/

O Projeto Acervo, do Leo Videla

http://bananeiras.wordpress.com/2008/03/18/projeto-acervo/

A participação do Kaza Vazia no Projeto Pedregulho da Bia Lemos & Cristina Ribas

http://kazavazia613.blogspot.com/

http://pedregulhoresidenciaartistica.wordpress.com/about/

O projeto do RUST (Radical Urban Silkscreen Team) com o MAC-Niterói

http://www.carnegiemuseums.org/cmag/feature.php?id=127

O Jogos de Escuta, gerido por Bruno Caracol, Marcelo Wasem, Maria Moreira e Mariana Novaes

http://jogosdeescuta.wordpress.com/

A Rádio PortoÁria, de múltiplos gestores

http://radioportoarea.espectroaberto.org/

O Projeto Ondas Radiofônicas de Marcelo Wasem e Mariana Novaes

http://culturadigital.br/ondasradiofonicas/a-proposta/

O jogo Carta Branca de Maria Moreira

http://www.camberwell.arts.ac.uk/25312.htm

Seminário Encontros Visuais – Goiânia

Seminário Encontros Visuais – poéticas e retóricas contemporâneas em campo brasileiro
Dias 7, 8 e 9 de abril de 2010
Local: Escola de Artes Visuais da UFG

O seminário Encontros Visuais – poéticas e retóricas contemporâneas em campo brasileiro é uma iniciativa para ordenar, difundir e mapear o atravessamento de experimentações, confluências e discursos que a arte contemporânea brasileira está travando tanto com o circuito de arte local quanto com a rede global de comunicação.

Participantes: Daniela Labra e Felipe Scovino (críticos de arte e curadores-RJ), e os artistas Luiza Baldan (fotografia, RJ), Mauricio Ianês (performance, SP) e Waléria Américo (multimídia, CE).

Veja a Programação