Encaminhado por Cecilia Cotrim/ Autor: Paulo Becker
Na reação à tragédia do incêndio, muita coisa boa e importante está sendo dita pelas pessoas. O site da Daniela Name –http://daniname.wordpress.com/2009/10/18/helio-oiticica-e-a-cultura-dos-escombros/ e o Canal Contemporâneo são boas fontes, além dos jornais.
O Estado e as famÃlias, no exercÃcio do seu poder relativo, perdem a perspectiva do campo da arte e sua relação sempre conflituosa com a cultura. Este campo em si também deverá determinar uma esfera de direito autônomo, as suas próprias razões, sem ferir o direito de herança. Embora esteja melhorando um pouco, e a tragédia esteja provocando um efeito de despertar, as condições do capitalismo atual, especialmente no Brasil – mas não só – constituem um agravante.
Um exemplo direto na psicanálise. A época de Freud, nem passaria pela famÃlia a idéia de reter a obra, sempre se reservando o direito de publicá-la. Nem cabia a idéia do Estado negar uma participação. O mesmo não aconteceu com a obra de Lacan. A famÃlia exerceu o seu legÃtimo direito de proibir todas as publicações informais, mas vem publicando os seminários ao longo das décadas, e trabalha-se com as edições piratas restantes. Neste caso, o constrangimento do imposto de renda, o mais comum na Europa e nos EUA, não funciona, pois os originais em si tem pouco valor. E não seria a solução ideal, pois continua mascarando responsabilidades.
Em se tratando de Hélio Oiticica, a perda irreparável pede uma ação coletiva de natureza polÃtica, junto à s iniciativas setoriais. Ele sempre incluiu os elementos sociopolÃticos na experimentação, no risco do inédito, na participação que faz parte da própria obra. Um ato polÃtico deve afirmar o lugar especÃfico da arte no tripé em que se situa forçosamente com Estado e a famÃlia.
Obrigada, Dani Labra e CecÃlia, pela citação ao blog. Acho que tá na hora de nos reunirmos ao vivo para pensar em algo, né? Um beijão nas duas.