Ecos Altermodernos

Traduzi pequeno trecho do Manifesto Altermoderno (Nicolas Bourriaud) e Patricia Canetti gentilmente traduziu o resto por conta e risco.  Seguem, também, links sobre o assunto indicados por membros do grupo de discussão CORO.

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ALTERMODERN MANIFESTO – PÓS-MODERNISMO ESTÁ MORTO
Viagens, intercâmbio cultural e análise da história não são apenas temas em moda, mas marcadores de uma profunda evolução na nossa visão de mundo e na nossa maneira habitá-lo.

Mais genericamente, a nossa percepção globalizada exige novas formas de representação: a nossa vida quotidiana se dá num enorme  cenário mais do que nunca, e depende agora de entidades transnacionais, de viagens de curta ou longa distância, em um universo caótico e prolífico.

Muitos sinais indicam que o período histórico definido pelo pós-modernismo está chegando ao fim: multiculturalismo e o discurso de identidade estão sendo ultrapassados por um movimento planetário de “creolização”. O relativismo cultural e a desconstrução, que substitui o universalismo modernista, não nos dão armas contra a dupla ameaça da cultura de massa uniforme e de uma regressão tradicionalista de extrema-direita.

Os tempos parecem propícios para a recomposição de uma modernidade no presente, reconfigurado de acordo com o contexto específico em que vivemos – crucial na era da globalização – entendido em seus aspectos econômicos, políticos e culturais: uma altermodernidade.

Se o Modernismo do século XX foi sobretudo um fenômeno da cultura ocidental, a altermodernidade decorre de negociações planetárias, discussões entre agentes de diferentes culturas. Desprendido de um centro, ele só pode ser poliglota. A Altermodernidade caracteriza-se pela tradução, ao contrário do modernismo do século XX, que falava o idioma abstrato do ocidente colonial e do pós-modernismo, que resumia o fenômeno artístico às origens e identidades.

Estamos entrando na era da legendagem universal, da dublagem generalizada. Hoje, a arte explora os laços que texto e imagem tecem entre si. Artistas percorrerem uma paisagem cultural saturada com sinais, criando novos percursos entre múltiplos formatos de expressão e de comunicação.

O artista se torna “homo viator”, o protótipo do viajante contemporâneo cuja passagem por signos e formatos remete a uma experiência de mobilidade contemporânea, viagens e transpassagens. Esta evolução pode ser vista na maneira como as obras são feitas: um novo tipo de forma está surgindo, a forma-viagem, feita de linhas traçadas tanto no espaço e como no tempo, materializando trajetórias em vez de destinos. A forma do trabalho exprime um curso, um vaguear, em vez de um espaço-tempo fixo.

A arte altermoderna é assim entendida como um hipertexto; artistas traduzem e transcodificam a informação de um formato para outro, e passeiam pela geografia, assim como pela história. Isto dá origem a práticas que podem ser referidas como “time-specific”, em resposta ao “site-specific”, trabalho dos anos 60. Rotas de voo, programas de tradução e cadeias de elementos heterogêneos articulam-se mutuamente. O nosso universo torna-se um território em que todas as dimensões podem ser percorridas tanto no tempo como no espaço.

A “Tate Triennial 2009” se apresenta como uma discussão coletiva sobre esta hipótese do final do pós-modernismo e da emergência de uma altermodernidade global.
http://www.e-flux.com/shows/view/6579

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+ sobre ALTERMODERN na entrevista com Nicolas Bourriaud
http://www.artecapital.net/entrevistas.php?entrevista=75

http://www.ubu.com/film/relational.html

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